Casa Triângulo celebra os 90 anos de Antonio Henrique Amaral com exposição panorâmica que revela a arte como campo de batalha pessoal e político

Mostra reúne cerca de 50 obras produzidas ao longo de quase 60 anos de carreira do artista paulista, destacando sua crítica à ditadura militar e à influência geopolítica dos Estados Unidos no Brasil

A Casa Triângulo abre, em 23 de agosto, a exposição Campo de batalha: Antonio Henrique Amaral 90 anos, segunda individual do artista na galeria e uma dupla homenagem que marca o nonagésimo aniversário de nascimento do pintor paulista (24 de agosto de 1935) e os dez anos de sua morte (24 de abril de 2015). Com curadoria de José Augusto Ribeiro, a mostra reúne cerca de 50 obras — entre desenhos, gravuras e pinturas — produzidas entre 1957 e 2011, oferecendo uma visão abrangente da trajetória de um dos nomes mais potentes da arte brasileira contemporânea.

Uma obra em movimento

Segundo o curador, o recorte sublinha a alternância de procedimentos de construção e desconstrução das formas, marca constante no trabalho de Amaral. “A obra dele está sempre em movimento, com imagens dinâmicas e raros momentos de repouso”, observa Ribeiro. Essa energia se expressa em diferentes fases da carreira, do rigor formal inicial à liberdade expressiva conquistada com o tempo.

A violência como expressão política

O título da mostra remete à série Campo de batalha, produzida entre 1973 e 1976, que marcou a transição da irreverência para a contundência política em sua arte. Após anos retratando bananas amarradas ou suspensas, Amaral passou a representá-las cortadas, atravessadas por garfos e facas, despedaçadas — metáforas visuais para a violência e a opressão no Brasil sob a ditadura militar, em um contexto internacional marcado pela Guerra Fria e pela influência norte-americana.

Arte como arena de confrontos

Mais do que um período específico, Campo de batalha também traduz a concepção de Amaral sobre o fazer artístico como território de embates. Ao longo de quase seis décadas, sua produção dialogou e confrontou vertentes como o expressionismo, o surrealismo, a arte pop e a xilogravura de cordel. Cada técnica e linguagem eram incorporadas como ferramentas para investigar afetos, desejos, questões políticas e reflexões sobre a própria arte.

Um legado de envergadura

Estima-se que Antonio Henrique Amaral tenha produzido cerca de 2.500 obras, muitas delas presentes em coleções públicas e privadas no Brasil e no exterior. Seu trabalho consolidou-se como um dos mais significativos registros visuais das tensões sociais e políticas do país no século XX e início do XXI.

Serviço

Exposição: Campo de batalha: Antonio Henrique Amaral 90 anos
Curadoria: José Augusto Ribeiro
Abertura: 23 de agosto de 2025, das 11h às 15h
Período: 26 de agosto a 27 de setembro de 2025
Funcionamento: Terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 17h
Local: Casa Triângulo – Rua Estados Unidos 1324, Jardins, São Paulo
Telefone: (11) 3167-5621
Site: www.casatriangulo.com
E-mail: info@casatriangulo.com
Entrada: Gratuita

 

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